Dia Mundial de Luta Contra a SIDA 2020

Na próxima terça-feira, 1 de dezembro, assinala-se mais um Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, tendo esta data sido instituída em 27 de outubro de 1988 pela Assembleia Geral da Nações Unidas e pela Organização Mundial de Saúde.

Mesmo em plena segunda vaga da pandemia Covid-19, cabe-nos relembrar a continuação desta outra que nos começou a visitar nos já idos anos 80 do século passado, provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH).

Não esquecendo os que estão infetados e os que já partiram vítimas da doença, o principal propósito da sinalização desta data prende-se com a necessidade de continuar e reforçar a luta de prevenção e de precaução contra um vírus que fez do sistema imunitário dos humanos o alvo do seu ataque.

 

 

A pandemia da SIDA, responsável pela infeção, até ao ano transato, de mais de 76 milhões de pessoas, das quais 33 milhões morreram, continua a causar por ano cerca de 1,7 milhões de novas infeções, não obstante os enormes avanços conseguidos nos últimos vinte anos na abordagem, seguimento e tratamento da doença, que passou de doença mortal a doença crónica.

Tão ou mais difíceis de combater e rebater têm sido os estereótipos associados à doença, responsáveis pela estigmatização e discriminação a que continuam sujeitos tantos dos atingidos pela pandemia, esquecendo que o problema da infeção não está no que se é, mas nos comportamentos que facilitam a infeção e a transmissão do vírus.

No combate ao VIH/SIDA, Portugal é um dos países que desde 2017 atingiu todos os objetivos estabelecidos no programa da ONU conhecido como 90 - 90 - 90:
• 90% dos infetados diagnosticados;
• 90% dos diagnosticados em tratamento;
• 90% dos doentes em tratamento com carga viral não detetável.
Em 2017, a meta 90 - 90 - 90 foi ultrapassada no nosso país, pois relativamente à primeira meta o valor alcançado foi de 92% de pessoas com a infeção já diagnosticada, 90,2% de doentes diagnosticados em tratamento no que concerne à segunda e, por fim, os dados oficiais no que respeita à última meta de 90 indicam que 93% dos doentes em tratamento tinham o vírus suprimido. De sublinhar que vírus indetetável é equivalente a ser intransmissível.

Se, na Europa, Portugal faz parte do grupo de países que alcançaram os três noventas, juntando-se a países como a Dinamarca, Islândia, Suécia e Reino Unido, outros há que apresentam números preocupantes, longe dos objetivos estabelecidos pela ONU, caso dos países do leste europeu.

Na sequência da publicação do relatório “Infeção VIH e SIDA em Portugal – 2020”, da DGS e do Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em que são referidas uma descida em 2019 de 29,8% nos novos casos (778) relativamente ao ano anterior (1109) e uma redução da percentagem de diagnósticos tardios para 49,7%,  Isabel Aldir, diretora nacional do Programa Nacional para a Infeção VIH, SIDA e Tuberculose da Direção-Geral de Saúde, alertou que a Covid-19 pode causar uma “dilação” do tempo médio de diagnóstico de infeção por VIH de 3,4 anos para “quatro ou cinco anos”.

Contudo, o facto de a serologia do VIH fazer parte do diagnóstico diferencial e do rastreio laboratorial de entrada de doentes infetados com o SARS-CoV-2 em contexto hospitalar poderá corrigir este eventual impacto.

Em Portugal, o combate à pandemia VIH/SIDA nas duas últimas décadas foi um sucesso em virtude da manutenção do investimento e empenho envolvidos, visando acabar com a infeção VIH/SIDA “enquanto problema grave de saúde pública” no país.

Segundo Isabel Aldir, é preciso continuar a trabalhar em literacia, falar de métodos de barreira, de profilaxia pré-exposição e pós-exposição, de tratamentos e do estigma da discriminação, para não se descurar a vigilância que é necessário manter a todo o custo.
A luta contra a pandemia VIH/SIDA é um combate de todos os dias e de todos os lugares contra um inimigo que nos espreita em qualquer esquina da vida.

Para 2030, a ONUSIDA pretende substituir a meta 90 - 90 - 90 pela mais ambiciosa meta 95 - 95 - 95.

Equipa EPS do AEJD