Dia Não Violência e da Paz 2024
- Categoria: Atividades
- Publicado em 29-01-2024
Na próxima terça-feira, dia 30 de janeiro, assinala-se o Dia Escolar da Não Violência e da Paz, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para o crescendo da violência escolar, em contraponto com uma prática de educação para a paz, promotora valores como o respeito, a igualdade, a tolerância, a solidariedade, a cooperação e a não-violência, essenciais ao exercício da cidadania e direitos humanos.
A escola, enquanto zona de conforto que deveria ser, lugar de abrigo onde se fazem amigos para a vida e se cresce e aprende a viver como indivíduo e, simultaneamente, como ser social, nem sempre tem cumprido essa função.
Não raras vezes, e mais frequentemente naqueles locais onde a desigualdade e a estratificação social são mais gritantes, esse lugar idílico é na realidade fonte de receios, de desconforto e de sofrimento para muitas crianças e jovens, por via da violência a que diariamente estão sujeitos. Violência não apenas física mas também verbal, esta tão ou mais dolorosa que a primeira, numa idade tão importante na estruturação da personalidade. É por isso, que nas escolas não pode haver qualquer transigência para com discursos de ódio, de racismo, de xenofobia ou homofobia.
A história e a vida mostram que é na diversidade de etnias, de culturas e de modos de vida que reside a riqueza e a vitalidade das sociedades.
Não é normal que a humilhação, a perseguição, a intimidação, a agressão e a difamação possam tornar-se habituais no normal quotidiano das escolas. Os preconceitos, a intolerância, o ódio à diferença, a maledicência, a misoginia, a rejeição do outro não são inatos, antes absorvidos da família e da sociedade. Essa ideia é corroborada por Marlova Noleto, coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, quando refere que “a violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenómeno intramuros isolado”.
O “ovo da serpente” esse “mal em gestação” que é a violência nas escolas, não surge do nada, tem como incubadora a violência vivida e desenvolvida em casa e na rua. No mesmo sentido surge a célebre frase de Bertolt Brecht “Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”.
São, muito provavelmente, a falta de valores e de afeto, o tabefe em vez do afago, as invisibilidades e as subalternidades sentidas ou percebidas que vão criando o caldo de cultura da violência.
A Não Violência e a Paz nas Escolas nascem e florescem quando o respeito, a camaradagem, a interajuda, a amizade e a lealdade constituem as pedras angulares destas instituições. Não são uma dádiva, algo naturalmente concedido, tão-somente o fruto de algo construído com muito empenho pela família e pela comunidade escolar. Tenderá a ser uma realidade quando os agressores de uns, deixarem de ser as vítimas de outros e possam recuperar a autoestima que a vida não lhes proporcionou.
Não são as redes sociais que geram a maldade, a boçalidade e o desrespeito, servem apenas de megafone para destilar ódio e raiva, no aconchego do anonimato do lar.
Qualquer pessoa com sentido de decência entenderá que o discurso de ódio não se coaduna com a dignidade humana, pois sendo a negação da dignidade dos outros é, simultaneamente, a negação da sua própria dignidade.
A Não Violência e a Paz nas Escolas passam pelo combate à violência verbal nas redes sociais, por conta das instituições, sociedade civil e operadoras. Levar a bom porto esta luta passa, necessariamente, por uma educação de qualidade resultante de sinergias efetivas entre as várias entidades envolvidas na escola pública.
Neste Dia Escolar da Não Violência e da Paz congratulemo-nos com a operação de âmbito nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) “Violência? Hoje Não, Obrigado!” dirigida aos alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Relembremos, igualmente, que o combate ao bullying e ciberbullying não pode sair da ordem do dia, a par da promoção de uma cultura de paz que faça das escolas um espaço de conforto e não de confronto.
Equipa de EPS do AEJD