Dia Nacional da Floresta Autóctone 2021
- Categoria: Atividades
- Publicado em 22-11-2021
Na próxima terça-feira, dia 23, assinala-se o Dia Nacional da Floresta Autóctone pretendendo-se sensibilizar a comunidade para a necessidade de preservar e recuperar a vegetação nativa constituída por uma enorme variedade de árvores, arbustos e plantas herbáceas, representando uma fração deveras importante do património natural português.
A celebração em novembro advém do facto de em Portugal, nesta altura, as temperaturas serem mais baixas e a precipitação existente ser mais favorável a ações de sementeira e plantação destinadas a preservar árvores autóctones.
Quem não conhece a azinheira, o sobreiro, o carvalho, o salgueiro, nomes de árvores que se podem encontrar na toponímia dos mais variados lugares do país, a que se acrescenta o de arbustos como o alecrim, a aroeira, o medronheiro e o rosmaninho entre tantos outros.
As plantas autóctones, isto é, originárias do território em que se encontram, apresentam vantagens significativas relativamente às plantas alóctones, dado estarem melhor adaptadas ao clima e ao solo, necessitarem de menos água e serem muito mais resistentes a doenças e pragas.
A floresta autóctone é um testemunho vivo da biodiversidade, um património biológico expressando as marcas de uma longa evolução dos ecossistemas, de que é exemplo a Floresta Laurissilva da Madeira, ocupando ainda cerca de 20% da área da ilha. Esta floresta nativa, constituída predominantemente por árvores e arbustos de folhagem persistente, é considerada uma relíquia do terciário e foi integrada na lista dos Patrimónios Mundiais Naturais pela Unesco. Menos sorte tiveram os carvalhais de folha caduca, que já cobriram o norte, o centro e algumas serras do sul do país, estando agora quase desaparecidos. Vítimas do machado, do fogo, do pastoreio, da introdução de novas espécies e da construção de infraestruturas foram quase eliminados do continente europeu. Outra das espécies mais raras e ameaçadas da Europa é o teixo, o qual vai sobrevivendo nas Serras do Gerês, Montesinho e Estrela e de cuja casca se retira o taxol utilizado no tratamento de vários cancros (mama, pulmão, ovário, garganta, cérebro…).
Perante o estado de emergência climática que o mundo está enfrentando devido às alterações climáticas provocadas em grande medida pelas atividades humanas, a reabilitação e recuperação dos habitats naturais far-se-á através da reintrodução e preservação das espécies vegetais autóctones. Também a existência de agrossistemas que conjuguem uma certa preservação do meio ambiente com a produção agrícola, como o montado alentejano organizado em torno do sobreiro alternando com a azinheira e, por vezes, com o pinheiro-manso e as agroflorestas ,cuja exploração não implica desmatamento de áreas florestadas e um uso intensivo de agroquímicos, poderão mitigar os efeitos mais negativos da intervenção humana.
O montado representa um dos modos mais inteligentes de ocupação da terra, em que a sua biodiversidade assume particular importância pela prevenção que traz dos fogos, pelas ervas aromáticas que o envolvem e pelas espécies animais a que dá acolhimento, caso do porco alentejano e da cabra serpentina.
Em Portugal, as árvores autóctones representam 72% da floresta, merecendo particular destaque espécies que desde há longa data têm sido plantadas e disseminadas pelo território, como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), o pinheiro-manso (Pinus pinea), o sobreiro (Quercus suber) e a azinheira (Quercus rotundifolia), que em conjunto representam 61% da área florestal total em Portugal continental.
A floresta autóctone é uma dádiva da natureza a transmitir às gerações vindouras para que a vida continue a cumprir-se.
Como Martin Luther King, ousem dizer “Se soubesse que o mundo acabaria amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore”, fazer como Carlos Lineu nos recomendou “Se uma árvore morre, planta outra no seu lugar” e, por último, lembrar que as “Árvores são poemas que a terra escreve no céu” como sabiamente escreveu Kahlil Gibran.
Equipa EPS do AEJD
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