Dia Internacional da Mulher 2022

Na próxima 3ª feira, 8 de março, assinala-se o Dia Internacional da Mulher, cuja proclamação remonta a 1977, surgindo como corolário de uma tradição de protesto e de luta das mulheres contra a opressão e exploração desenfreada a que têm sido submetidas desde tempos imemoráveis.

A institucionalização deste dia, por iniciativa das Nações Unidas, que em 1975 haviam promovido o Ano Internacional da Mulher, pretende celebrar e recordar as conquistas alcançadas ao nível de direitos sociais, políticos e económicos e frisar a necessidade de prosseguir a luta pela completa erradicação de preconceitos, que já não se coadunam com os tempos modernos.

Este ano a ONU propôs o tema “Igualdade de género hoje para um amanhã sustentável” como mote para a comemoração do Dia Internacional da Mulher.

Na construção de um futuro mais sustentável para todos e para o planeta, a contribuição das mulheres assume um papel preponderante por via da sua participação e liderança de medidas eficazes visando a adaptação às mudanças climáticas e a mitigação dos efeitos da crise climática, o que só poderá ser feito com o incremento e avanço da igualdade de género, pois sem esta não será possível um futuro sustentável, justo e igualitário.

A nível global, a vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas afeta particularmente as mulheres, pois que constituem a maioria dos pobres, estando, igualmente, mais dependentes dos recursos naturais mais ameaçados pelas mudanças climáticas.

Num estudo com o objetivo de determinar quais os melhores (e piores) países para ser mulher nos dias de hoje, promovido pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que teve em conta normas sociais, práticas e leis de 160 países, pode concluir-se que os dez países melhor colocados são: Bélgica, França, Espanha, Eslovénia, Sérvia, Argentina, Itália, Cuba, Trindade e Tobago e República Checa, enquanto os dez piores são: Iémen, Sudão, Gâmbia, Mali, Chade, Somália, Zâmbia, Nigéria, Egito e República Democrática do Congo.

O mesmo estudo indica que o casamento precoce representa uma realidade muito negativa para a igualdade de género, prejudicando a educação das mulheres, maximizando as possibilidades de gravidez na adolescência e restringindo o poder e a capacidade de fazer escolhas conscientes.

O estudo evidenciou claramente que a discriminação contra as mulheres não é só um problema social, mas igualmente um enorme erro económico, na medida em que os países que proporcionam oportunidades equivalentes para homens e mulheres são os que apresentam melhor desempenho na economia.

Emergindo de uma das maiores crises de saúde pública a nível mundial por força da pandemia COVID-19 e tendo em conta o impacto da mesma sobre a vida laboral e familiar, o Parlamento Europeu, no âmbito dos eventos programados para assinalar este dia, colocou na sua agenda, com particular destaque, temas como a carga mental, a igualdade de género no teletrabalho e a prestação de cuidados não remunerada após a pandemia.

O Índice de Igualdade de Género 2021, segundo o Instituto Europeu para a Igualdade de Género, coloca Portugal em 15.º lugar na Europa a 27, atribuindo-lhe 62,2 pontos em 100, em comparação com a média europeia de 68 pontos.

Na área do trabalho, Portugal obteve 47,5 pontos, face à média da UE de 64,9, no que respeita à partilha de tempo nas tarefas domésticas, indicativo da necessidade de continuar a desconstruir mitos sobre atividades mais destinadas a um ou a outro género. Ainda na área do trabalho é referido que a representação de mulheres portuguesas nos conselhos de administração de empresas aumentou de 16% em outubro de 2017 para 28% em abril de 2021, uma evolução muito positiva, reveladora de uma mudança de mentalidades que paulatinamente vai fazendo o seu caminho.

Na área da educação, os homens portugueses ainda não estão muito bem colocados, já que 77,5% das mulheres portuguesas estão encarregues de ajudar os filhos com os trabalhos da escola, valores que comparam com os verificados na Bulgária, Roménia, Eslováquia e Grécia.

O Índice de Igualdade de Género mostra que, relativamente à violência sexual física na Europa, os valores mais elevados se encontram na Grécia (26%), em Portugal (22%) e em Espanha (20%) e, no que toca a violência doméstica, Portugal ocupa uma posição cimeira com as taxas a chegarem aos 68%.

Estes valores revelam a urgência de agir ativamente em todos os campos, visando a real efetivação dos direitos sociais, políticos e económicos a que os cidadãos têm direito, fazendo da igualdade plena entre homens e mulheres uma realidade e não apenas uma louvável intenção sem substância.

A efetivação da “Igualdade de género hoje para um amanhã sustentável” constitui, assim, um dos grandes desafios do presente e do futuro da humanidade. Só o cumprimento do 5.º objetivo do desenvolvimento sustentável permitirá construir um futuro justo e igualitário, que garanta a todos os cidadãos os mesmos direitos e deveres, qualquer que seja o género, a orientação sexual, a etnia, o grupo social, a religião ou qualquer outra particularidade que não colida com a liberdade de outrem.

A Equipa Promotora de Saúde do Agrupamento de Escolas Júlio Dantas, ciente da importância da real efetivação de um objetivo que sistematiza de maneira detalhada os direitos das mulheres, convida a comunidade escolar a deliciar-se com a mensagem inscrita no belíssimo e magnífico poema “Mulher”, de José Carlos Ary dos Santos.

Equipa EPS do AEJD

 

Mulher de José Carlos Ary dos Santos - Rita Calatré 

Rita Redshoes - Mulher 

No More Fight Left In Me